Ondas Impressas

Economia Circular

July 01, 2020 Tânia Galluzzi Season 1 Episode 11
Ondas Impressas
Economia Circular
Show Notes Transcript

A economia circular é uma nova forma de pensar o mundo e, principalmente, os processos produtivos. Diferente do atual modelo, baseado no trinômio extrair, produzir e descartar (economia linear), o ciclo na economia circular é contínuo. Para que isso aconteça, o resíduo deixa de existir, ou melhor, é reintroduzido no processo por meio da reciclagem, do reuso, reparo, redistribuição e da remanufatura. Isso significa que os produtos tem de ser projetados dentro desse conceito, pensados desde o berço para que voltem ao berço (cradle to cradle). E aí está uma enorme oportunidade para as empresas do universo da impressão: a possibilidade de participar desse desenvolvimento e de transformar esse serviço, essa preocupação com a sustentabilidade, num diferencial. 
Para falar sobre a economia circular e a indústria gráfica, conversamos com a arquiteta e mestre em gestão ambiental urbana Léa Gejer, uma das criadoras do site Ideia Circular; Manoel Manteigas de Oliveira, diretor técnico de Two Sides; e Richard Möller, diretor da Hubergroup.

00:00:15
Tânia Galluzzi: Bom dia, boa tarde, boa noite, militantes da impressão. Quem vos fala é Tânia Galluzzi.

00:00:21
Hamilton Costa: Olá pessoal, aqui Hamilton Costa.

00:00:23
Tânia Galluzzi: Gente, eu sempre quis falar isso, quem vos fala, acho muito chique. Tudo bem como vocês? Hoje a gente tem novidade.

00:00:32
Hamilton Costa: Ah, sim, mas vocês vão ter de ver o episódio até o final pra poder aproveitar isso.

00:00:37
Tânia Galluzzi: A gente tem um quadro novo: Impressão Final. A partir de agora, a gente vai abrir espaço no final do programa para comentar as principais notícias da quinzena. Podem ser tanto materiais que chegam pra gente enviados pelas próprias empresas ou assessorias, quanto notícias que nos chamaram a atenção no Brasil e lá fora. O termômetro serão vocês. Conversem com a gente pelas redes sociais, estamos no LinkedIn, e no Instagram, ou digam o que acharam pelo email ondasimpressaspodcast@gmail.com. Agora, vamos ao tema do episódio. A gente conversou com três especialistas sobre economia circular e obviamente puxamos a sardinha para o nosso lado. A primeira entrevista é com a Léa Gejer. Arquiteta e urbanista que trabalha com design circular e gestão ambiental, ela é uma das criadoras do site Ideia Circular, que busca disseminar o conceito de economia circular. Depois a gente falou com o querido Manuel Manteigas de Oliveira, eterno professor de Manteigas, para saber onde a indústria gráfica se encaixa nesse círculo virtuoso.

00:01:47
Hamilton Costa: E, por fim, batemos um papo com Richard Möller, da Hubergroup, fabricante de tintas e vernizes gráficos, empresa envolvida nesse processo e economia circular.

00:01:58
Tânia Galluzzi: Mas você pode estar pensando: o mundo todo lutando para sobreviver o dia de hoje eles falando de algo tão distante e utópico. Preste atenção nessa informação: a adequação aos preceitos da economia circular estão no plano de recuperação pós-covid da União Europeia. É isso mesmo, a prioridade dos 560 bilhões de euros que serão investidos na recuperação da crise provocada pelo novo coronavírus será dado aos projetos sustentáveis. Foram aprovadas no dia 18 de junho novas regras para determinar se uma atividade econômica é ambientalmente sustentável é uma delas é justamente a transição para economia circular

00:02:44
Hamilton Costa: Mas que raios é economia circular? É um conceito estratégico baseado na redução, reutilização, recuperação e reciclagem de materiais e energia. Na economia circular não há resíduo.

00:02:59
Tânia Galluzzi: Não há resíduo porque os produtos e processos são pensados e desenhados para o aproveitamento inteligente dos recursos que já se encontram em uso no processo produtivo. E aí está a grande oportunidade para a indústria gráfica, oportunidade de ajudar os clientes no desenvolvimento das embalagens e no desenvolvimento dos produtos.

00:03:24
Tânia Galluzzi: Bom, vamos para as entrevistas e não esquece, depois da terceira entrevista, com o Richard Möller, tem as notícias da quinzena, não desliga não.

00:03:38
Tânia Galluzzi: Vamos conversar agora com a Léa Gejer. A Léa é uma das criadoras do site Ideia Circular, voltado para a educação e comunicação sobre design circular e economia circular no Brasil. A Léa é arquiteta e mestre em Gestão Ambiental Urbana. Em 2019, ela recebeu o prêmio de hihly commended pelo juri do The Circulars 2019, para a categoria Liderança, iniciativa do Fórum Econômico Mundial. Resumindo, a Léa é uma apaixonada pela criação de produtos e espaços saudáveis.

00:04:10
Tânia Galluzzi: Léa, tudo bom? Obrigado por estar aqui com a gente.

00:04:13
Léa Gejer: Oi, Tânia, boa tarde, tudo bem. Obrigada pelo convite.

00:04:13
Tânia Galluzzi: A gente que agradece a sua presença. Léa, conta para quem está nos ouvindo. Como o conceito de economia circular entrou na tua vida?

00:04:27
Léa Gejer: Bom, eu estudei arquitetura e durante a graduação sempre busquei, isso na década de 2000, eu sempre buscava entender o que era a sustentabilidade para aquilo que eu estava fazendo dentro da arquitetura. E a sustentabilidade era muito pautada numa redução, na minimização. Então, você usa menos água, menos energia, mas você não mudava de forma geral como que você vai lidando com o design nos dos edifícios. E foi então que eu decidi, eu me graduei e aí eu decidi estudar mais a fundo essas questões. Fui fazer o meu mestrado em Gestão Ambiental na Holanda e nele eu justamente procurei entender o que era sustentabilidade no ambiente construído. E aí eu me deparei com o livro Cradle to Cradle, em que um dos autores é um arquiteto americano e outro engenheiro químico alemão e eles falam que a questão econômica ambiental ela não tem que ser pautada na gestão de danos e resíduos, lá no fim da cadeia, mas sim no início. Então, que a gente tem que desenhar os nossos produtos e sistemas já perguntando o que vai acontecer depois. E aí isso fez todo sentido pra mim, para a minha prática como arquiteta, designer, de como trabalhar os produtos, os edifícios e até as cidades com esse pensamento o que vai acontecer depois.

00:05:58
Tânia Galluzzi: Entendi. Lendo o manifesto da ideia a circular, chamou muito a minha atenção a afirmação "o lixo é um erro de design". Você pode explicar essa ideia? O que ela envolve?

00:06:11
Léa Gejer: Quando a gente fala que o lixo é erro de design, a gente parte de um entendimento, um olhar para a natureza de uma natureza não existe lixo. O resíduo de um processo sempre pode se tornar um alimento de um outro processo dentro do sistema natural. Então, quando a gente fala que o lixo é um erro de design, a gente está dizendo que quem inventou o conceito de lixo foi o ser humano. Então, quando a gente fala isso. a gente está falando que temos que desinventar esse conceito. Eu pego um pouco quando o pessoal fale em lixo zero ou zero impacto. Não existe zero impacto. A natureza também é abundante. Então você tem que fazer as coisas intencionalmente, pensando como que ela pode se tornar uma outra coisa depois. Você sai dessa visão de minimização e redução, porque na verdade essa visão de minimização é muito pautada no sistema linear, que é um sistema que você extrai num canto, consome, utiliza os recursos e depois você joga fora. Isso forma uma linha reta. E quando você minimiza os impactos, você continua trabalhando nesse mesmo sistema. A gente usa muito essa ideia. É como se você estivesse dirigindo em direção a um precipício. Você continua indo em direção a esse precipício, só que um pouquinho mais devagar porque você não está mudando o seu paradigma, o seu modelo. Você continua no mesmo modelo.

00:07:39
Tânia Galluzzi: A ideia do design circular representa uma enorme oportunidade para a indústria gráfica, na medida em que muitos dos fabricantes de embalagens, os convertedores, eles têm a oportunidade de trabalhar lado a lado com os clientes no desenvolvimento das suas embalagens. Como é que você vê a participação da indústria gráfica nesse sentido?

00:08:01
Léa Gejer: A indústria gráfica é crucial. Ela está presente em todos, praticamente todos os lugares. Quando a gente olha para a indústria gráfica, a gente vai olhar em termos do cradle to cradle, a gente vai pensar em tipos de papéis, em tipos de tintas, em colas. Tudo isso vai compor, ou aditivos durante a fase industrial. E tudo isso vai compor como a gente vai conseguir uma circularidade de cada material, cada substância que a gente está colocando nos nossos produtos. E isso, é claro, exige uma cooperação muito grande de toda a cadeia. Começa por nós que somos os consumidores. A gente quer materiais, quer tintas que sejam mais saudáveis, que a gente coloca dentro de casa, dentro dos nossos escritórios, mas também tem toda uma busca na cadeia de pessoas que estejam alinhadas e também que estejam abertas para reformular algumas vezes alguns materiais. Para entender do que são feitos, porque muitas vezes a gente trabalha em consultorias com as indústrias e a primeira dificuldade delas é acessar as informações do que têm naquele produto. O produtor muitas vezes não sabe o que é colocado naquilo que eles estão fazendo. Então, eu tenho de estar aberto pra abrir abrir esse mundo, que é a sua cadeia de fornecimento.

00:09:39
Tânia Galluzzi: E quando a gente está pensando em design circular, a gente não está pensando apenas no design da embalagem, está pensando no projeto todo. Por isso que você você fala nos materiais, nas tintas, nos insumos, é isso?

00:09:54
Léa Gejer: A gente usa muito a palavra design também, ela vem, se você pesquisar semanticamente, a palavra design vem de desígnio, que é a intenção. Então a gente fala muito também sobre qual é a intenção que você está colocando aquele produto, o projeto. Se você tem a intenção de ter materiais saudáveis, então você vai buscar materiais saudáveis para compor aquele material. Se você quer entender o que vai acontecer depois, você tem que ter uma intenção de que esse produto possa retornar novamente em novos ciclos. Então, o design a gente sai um pouco na cidade do design como uma coisa meramente estética né, que eu acho que até uma forma equivocada de trabalhar o design, mas a gente trabalha muito o design como intenção.

00:10:40
Tânia Galluzzi: E como as empresas do universo da impressão podem se engajar ou se preparar para a economia circular e trabalhar com o design circular?

00:10:50
Léa Gejer: Acho que em primeiro lugar seria interessante haver um alinhamento entre os diversos fornecedores do que é a economia circular e como a gente pode atingir ela. Depois eu acho que a gente tem que determinar algumas intenções, alguns objetivos, aonde a gente quer chegar com os nossos produtos e sistemas. E também, ao mesmo tempo, criar um inventário, saber o que tem naquilo que são os materiais e se de fato eles são positivos, seja para meio ambiente ou para a saúde humana pra estar em contato com as pessoas. E aí a gente pode criar um passo a passo de como alcançar uma cadeia mais positiva de forma geral.

00:11:36
Tânia Galluzzi: E qual é a sua expectativa com relação à disseminação da economia circular no mundo e mais especificamente no Brasil. O quão longe, ou o quão perto estamos dessa abordagem?

00:11:49
Léa Gejer: Aqui no Brasil eu vejo que de alguns anos pra cá... quando eu comecei, quando eu trouxe isso para o Brasil, lá em 2013, havia muita dificuldade de se falar sobre o termo. Ninguém conhecia. Era difícil de você determinar diferenças por exemplo entre sustentabilidade e economia circular. Eu tinha muito essa dificuldade inicial pra se tratar do tema. Agora eu acho que o tema já um pouco mais divulgado, as pessoas já ouviram falar pelo menos, mas ainda há muita confusão no uso do termo. Muita gente que trabalha reciclagem diz que já está fazendo economia circular, ou logística reversa, ele tem confusão. Não que a logística reversa ou a reciclagem não façam parte da economia circular, mas não são a economia circular. Tem uma um diferente, então assim acho que ainda tem uma certa confusão com os termos. Tem uma dificuldade dentro das empresas de você trabalhar a cadeia de fornecedores. Ainda. Acho que não é tão organizado. Eu acho que precisa ter uma organização melhor dentro das empresas, até para você poder ter transparência com o consumidor daquilo que você está vendendo ou produzindo. Mas de forma geral você tem várias iniciativas menores, que já trabalham com economia circular, às vezes nem chamam de economia circular, mas já estão trabalhando essa ideia dos ciclos. E as empresas grandes também, muito por uma pressão internacional também estão começando a desenvolver bastante nesse sentido da economia circular. Agora, comparado, por exemplo, com a Europa, a gente está muito atrás. Tanto em discussão, a pesquisa acadêmica aqui no Brasil é muito muito menor do que a europeia. A europeia mais que a americana. E os europeus, acho que talvez devido a isso ou porque eles têm menos recursos. Então eles têm legislação. Eles têm incentivos fiscais. Lá eles têm toda uma regulamentação que aqui no Brasil a gente está muito longe de alcançar. A gente tem uma política de resíduos sólidos, mas vou falar de novo aqui, que acaba gerando uma confusão, que não é uma política de economia circular. Muitas coisas da política nacional são excelentes e fazem parte da economia circular, mas não tem uma legislação como redesenhar, de como implementar a economia circular de um modo mais sistêmico.

00:14:33
Tânia Galluzzi: Perfeito, Léa, super obrigada por dividir o seu conhecimento com a gente e que as coisas caminhem de forma um pouquinho mais acelerada.

00:14:42
Léa Gejer: Espero que sim, estamos trabalhando para isso.

00:14:51
Tânia Galluzzi: Hoje nós temos o prazer de conversar com Manoel Manteigas de Oliveira. Tanto eu quanto o Hamilton temos uma longa história com o professor Manteigas, que dirigiu a Escola Senai Theobaldo De Nigris por 20 anos, entre 1996 e 2016. Essa unidade, a Theobaldo, é voltada à formação na área gráfica. O Manteigas foi também por 18 anos diretor técnico da ABTG, Associação Brasileira de Tecnologia Gráfica. Mas hoje o Manteigas está aqui como diretor técnico de Two Sides, iniciativa global para combater a desinformação na área do papel e para a valorização da mídia impressa e das embalagens em papel. Manteigas, que bom ter você aqui com a gente.

00:15:40
Manoel Manteigas de Oliveira: Tânia, Hamilton, muito obrigado pelo convite, muito bom estar por aqui com vocês.

00:15:44
Tânia Galluzzi: Manteigas, antes de a gente entrar no no assunto do episódio, conta para quem está nos ouvindo em poucas palavras o que é Two Sides.

00:15:53
Manoel Manteigas de Oliveira: Como você já adiantou, Two Sides é uma organização sem fins lucrativos, mundial, hoje em 16 países e 5 cinco continentes. E se propõe justamente a esclarecer a opinião pública, as pessoas em geral, empresas e pessoas físicas, sobre quais são os impactos ambientais do papel. Muita gente fica surpresa ao descobrir que a maioria desses impactos é positivo. A gente combate mitos, fake news sobre o uso do papel e do papelão, sobre a eficácia desses meios de comunicação. E a gente combate também ao que se chama greenwashing, que é aquela propaganda enganosa que utiliza argumentos ambientais para promover produtos e serviços.

00:16:39
Tânia Galluzzi: Entendo, e isso tem tudo a ver com nosso assunto aqui desse episódio. A economia circular ela se baseia em três princípios: materiais reutilizáveis e recicláveis, uso de fontes renováveis e promoção da biodiversidade. Como você vê a aplicação desses conceitos na indústria gráfica?

00:17:01
Manoel Manteigas de Oliveira: Para começar, Tânia, Hamilton, a gente tem que pensar que o mundo caminha inexoravelmente nessa direção. Existe alguns retrocessos aqui e ali, mas é uma tendência clara de que a economia tem que se adequar à proteção do meio ambiente, não só a proteção do meio ambiente, mas a melhoria do meio ambiente. Então, a economia circular, como já foi dito aqui, ela na verdade vai ajudar a economia a se desenvolver mais. Existe aquele conceito, conceito errado, de que a preocupação com o meio ambiente pode prejudicar o desenvolvimento da economia e a economia circular pretende o contrário. Adotando esses princípios nós vamos garantir o crescimento econômico continuado. Com relação à indústria gráfica. Os três princípios que você citou, materiais reutilizáveis ou reciclados. Significa o que tanto quanto possível, o ideal é a gente usar na fabricação de produtos, matérias-primas renováveis. Dessa maneira, você se previne do esgotamento de fontes de matérias-primas ou contra a destruição de ecossistemas por conta da exploração de matérias-primas que não são renováveis. E aí o papel, o cartão e o papelão tem vantagens magníficas. Porque todas as árvores que se usam para fabricar celulose, daí o papel, são plantadas, são cultivadas para isso. Então, a gente está aí atacando o primeiro princípio na economia circular, a utilização de materiais reutilizáveis. Além disso, o papel e os derivados de celulose, são altamente reciclados, que é outro princípio. A gente está falando em taxas de reciclagem na Europa hoje de 72%, chegando, em 2020, a 74%, que é a meta, altíssima, de um número teórico possível de 80%, porque há papéis que não podem ser reciclados. Eu acho que mais reciclado do que o papel apenas alumínio, se for, em alguns países, se não for o mais reciclado do mundo, o papel é um dos mais, tranquilamente.

00:19:17
Tânia Galluzzi: E essa taxa de reciclagem no Brasil, qual é?

00:19:21
Manoel Manteigas de Oliveira: No ano passado, 68,7%. Essa taxa vem crescendo também continuamente. É possível que em 2020 a gente tenha uma queda nesse número porque os recicladores estão sendo fortemente impactados com a quarentena, com o comércio fechado. Tá difícil de recolher matéria-prima para reciclar. Mas, certamente em 2021 o crescimento vai retomar, e a gente tende a chegar perto desses 80% teóricos também. Então, também nesse aspecto já estamos bastante avançados rumo a uma economia circular. E a questão da biodiversidade, outro aspecto que você citou. As indústrias brasileiras de celulose e papel elas plantam hoje 2,7 milhões de hectares de eucaliptos e pinus para produção de celulose. Árvores plantadas, cultivo, o mesmo cultivo de soja e cana de açúcar, de algodão, para usos industriais, e renovável porque o plantio é feito continuamente. Mas, além disso, essas mesmas indústrias, elas conservam extensas áreas de mata virgem , de reservas naturais. Nós estamos falando, Tânia, Hamilton, pasmem, de 0,7 hectares conservados para cada um hectare cultivado.

00:20:51
Hamilton Costa: 70%?

00:20:52
Manoel Manteigas de Oliveira: 70%. Não tem nenhum setor no Brasil, talvez no mundo, com esse esforço de conservação de biodiversidade. Existem percentuais muito altos já comprovados também, de verificação, de observação de espécies ameaçadas dentro das áreas que estão protegidas pelas indústrias de celulose e papel. Assim, quando a gente pensa em indústria de celulose e papel, essas indústrias fornecem matéria-prima para quem? Pra indústria gráfica, pra indústria que faz revistas, mídia promocional impressa, embalagens de papel, papelão, cartão, é toda a cadeia.

00:21:28
Manoel Manteigas de Oliveira: Esses méritos, digamos assim, esses atributos valiosos da economia circular que a gente já alcança em alto grau, se estendem por toda a cadeia da mídia impressa. Tem uma outra questão aí, Tânia, Hamilton, que também é tema da economia circular, que a questão da toxicidade dos rejeitos. Então, esses 80% de papel que pode ser reciclado, ótimo. E os 20% que não são reciclados? O que é que acontece com eles? Eles são biodegradáveis. Se eles forem recolhidos corretamente, aquilo que temos minimamente de fazer, e forem conduzidos por um aterro sanitário, eles vão se degradar em muito pouco tempo, vão voltar a integrar a natureza, vão voltar à natureza, é o que na economia circular se chama ciclo biológico. O ciclo técnico é a reciclagem, a reutilização dos materiais, e o ciclo biólogo é a degradação dos materiais para a reincorporação nos ciclos naturais, na natureza.

00:22:34
Hamilton Costa: Dentro dessa lógica da ecologia secular tem uma coisa interessante. O total reaproveitamento dos materiais, ele nasce, e aí se aproxima da gente como gráfica, ele nasce da concepção do produto, no design do produto, que é um conceito muito interessante de ser colocado. Como você vê o setor gráfico, como ele pode se ajudar e se engajar nesse sentido.

00:22:57
Manoel Manteigas de Oliveira: Bom, primeiro, se a gente considerar que a economia circular é uma tendência inexorável, e eu acredito que é, e a União Europeia acredita que é também, então é uma meta que todos nós temos que nos colocar. Eu vou votar nessa questão da União Europeia. E se a gente considerar também que a indústria gráfica, a cadeia da mídia impressa, já está muito avançada nesse sentido, seria um enorme desperdício, seria de se lamentar que a gente não fizesse um esforço adicional para poder ter produtos de fato que se pudessem intitular de circulares. A gente está muito perto disso. Seria muito triste mesmo se a gente não trabalhar para alcançar esses resultados. Eu vou voltar na questão da União Europeia, Hamilton, que é o seguinte. Li recentemente, foi noticiado na semana passada, que a União Europeia vai destinar mais de 500 bilhões de euros, 540, 560 bilhões de euros, alguma coisa assim, para suportar a retomada da economia pós-pandemia. E para isso foi criado, foi lançado, um selo verde que é o seguinte: as empresas e instituições todas que quiserem fazer jus a esse auxílio de suporte financeiro vão ter que atender a pelo menos um dos cinco critérios desse selo verde. Um deles é justamente atender aos princípios da economia circular e outros, se não dizem diretamente à economia circular, são paralelos a isso, são congruentes à questão da economia circular.

00:24:36
Manoel Manteigas de Oliveira: Mas voltando à questão principal na pergunta que você fez, Hamilton, o que a indústria gráfica pode fazer. Você foi no ponto. A questão é o projeto. A essência da economia de circular é que no projeto u produto já seja pensado de modo a ser circular, a utilizar matérias-primas renováveis, se gerar resíduos, que sejam biodegradáveis e não tóxicos, que favoreçam a promoção da biodiversidade e/ou que possam ser reciclados. E a gente pode incentivar os designers. Tem empresas gráficas que incluem a fase de projeto nos seus serviços, a maioria talvez não, mas essa maioria tem a obrigação de falar com os designers, de falar com os criadores, de falar com os clientes e orientá-los a exigir isso dos projetos gráficos. Quais poderiam ser as dificuldades? As dificuldades estão hoje naquilo que agrega ao papel impresso para chegar num produto gráfico. Então, nós temos que nos preocupar por exemplo com as tintas e vernizes. A gente sabe, por exemplo, que as tintas, já tem bastante tempo, não utilizam por exemplo resinas à base de óleos minerais, mais resinas à base de óleos vegetais. Muitos pigmentos que eram oriundos de metais pesados ou de substâncias que podiam ter toxicidade, hoje estão sendo substituídos por substâncias não tóxicas. Nós temos que nos preocupar também com as suas laminações, com tudo aquilo que a gente agrega ao impresso. O papel tem uma qualidade intrínseca de ser sustentável, renovável biodegradável, não tóxico. Sobrou um pouquinho de coisa, a gente tem que pensar o que a gente coloca sobre esses materiais para chegar ao produto gráfico.

00:26:33
Tânia Galluzzi: A gente sabe que boa parcela das gráficas ainda tem dificuldade de implementar princípios básicos da gestão ambiental. A destinação correta dos resíduos, ela acontece, mas falta em alguns momentos eficiência nos processos produtivos pra reduzir possíveis danos ambientais. Diante disso, eu tenho duas últimas perguntas para você: quão distante a indústria gráfica nacional está da economia circular, e esse modelo pode trazer ganhos econômicos reais?

00:27:06
Manoel Manteigas de Oliveira: Perguntas difíceis. Pera aí que eu vou ligar a minha bola de cristal. Primeiro, vou retomar o meu ponto. Eu acho que a indústria gráfica está muito avançada já nessa direção. Por causa das qualidades intrínsecas dos materiais oriundos da celulose, que não é a única coisa que a indústria gráfica imprime, obviamente, mas é uma grande parte ainda. A partir desse ponto, que não depende tanto da indústria gráfica, é uma matéria-prima que a gente utiliza na maioria das vezes. De fato, a gente não conseguiu sair bem de uma crise econômica ainda e nós estamos enfrentando agora uma muito pior, e a gente sabe que, às vezes, nesses momentos de crise, as pessoas tendem a considerar irrelevantes, ou se preocupar menos, com questões que estão a mais longo prazo. Então, eu acho que nós temos um papel fundamental ao fazer, você, o Hamilton, que são comunicadores, que conseguem atingir muita gente, Two Sides, que se propõem a isso, o pessoal da Ideia de Circular aqui no Brasil, um monte de instituições, muita gente que está empenhada em conciliar a economia, o crescimento econômico com o respeito ao meio ambiente, com a recuperação do meio ambiente, nós temos que nos unir para orientar as pessoas. As pessoas têm que saber, os empresários têm que saber que tem que ter um olho no momento atual, tem que ter um olho na recuperação imediata do seu negócio, mas tem que ter um olhar um pouco mais distante um pouco mais longe no que vai ser o mundo daqui cinco anos, dez anos. Isso que a União Europeia está sinalizando certamente vai aparecer como uma exigência para os produtos que ela importa.

00:28:44
Manoel Manteigas de Oliveira: Sei que a indústria gráfica não exporta tanto assim mais.

00:28:46
Tânia Galluzzi: Mas ela tem que se adequar às necessidades e exigências de clientes mundiais, que atuam em todos os países que vão trazer em algum momento essa solicitação aqui para o Brasil.

00:28:58
Manoel Manteigas de Oliveira: Exatamente. Poderá acontecer eventualmente de grandes empresas multinacionais preferirem importar produtos impressos para atender aos requisitos do selo verde europeu, por exemplo. Você já imaginou uma situação de uma grande empresa, uma Nestlé, uma Johson & Johson, ter que garantir aos seus financiadores europeus que eles, no mundo inteiro, estão contribuindo para a economia circular. Como é que fica isso?

00:29:32
Hamilton Costa: Fica que as gráficas aqui tem de se adaptar, e o quanto antes elas se envolverem nesse conceito, tanto melhor. É uma oportunidade pela frente, Manteigas, concorda?

00:29:43
Manoel Manteigas de Oliveira: Exatamente, eu acho que você está certo. A gente tem de ver isso como uma oportunidade. De novo, vou falar pela terceira ou quarta vez. Nós estamos saindo na frente de vários outros setores. Falta pouco para a gente alcançar um nível bacana, que a gente possa dizer temos um livro, uma revista ou uma embalagem, um folheto, que atende a economia circular, que eu posso colocar num selo de que economia circular. Poxa, vamos aprender como isso funciona, vamos divulgar essa ideia. Vamos nos preparar para isso e aproveitar essa oportunidade

00:30:17
Tânia Galluzzi: Que pode ser um diferencial e, sendo um diferencial, vai trazer ganho econômico pra empresa que sair na frente.

00:30:25
Manoel Manteigas de Oliveira: Eu acredito muito nisso.

00:30:26
Tânia Galluzzi: Perfeito, Manteigas, super obrigado por você ter participado do episódio. Obrigada mesmo pela presença. Hamilton, você quer complementar?

00:30:36
Hamilton Costa: Só queria agradecer o Manteigas também. Acho que essa ideia, esse conceito tem que ser muito trabalhado, muito difundido e reitero o que a gente acabou de falar, acho que quem souber olhar para frente vai aproveitar isso como uma grande oportunidade.

00:30:52
Manoel Manteigas de Oliveira: Obrigado a vocês, até a próxima.

00:31:01
Tânia Galluzzi: Estamos aqui com o Richard Möller, diretor da Hubergroup, fabricante de tintas e vernizes para o setor gráfico. O Richard e também diretor da Associação Brasileira das Indústrias de Tintas para Impressão, Abitim, representando a entidade em Two Sides, e diretor da Associação dos Agentes de Fornecedores de Equipamentos e Insumos para a Indústria Gráfica, Afeigraf. Boa tarde, Richard, que bom que você aceitou nosso convite.

00:31:29
Hamilton Costa: Prazer tê-lo aqui conosco, Richard.

00:31:29
Richard Möller: Boa tarde, Hamilton, boa tarde, Tânia, eu que agradeço o convite pra falar desse assunto fascinante.

00:31:37
Tânia Galluzzi: Richard, a Hubergroup tem a certificação Cradle to Cradle, mostrando que está adequada aos princípios da economia circular. Duas perguntas: quem recebe o selo a empresa ou produto e o que a empresa ou produto precisa ter pra receber essa certificação?

00:31:59
Richard Möller: Vamos lá por partes, as duas coisas são verdadeiras. Então, primeiro não é a empresa como um todo. Cada fábrica precisa receber uma certificação e cada produto, para receber uma certificação, tem que ser produzido dentro de uma fábrica certificada. Vou pegar sempre o exemplo da Huber como referência, há outras empresas fazendo outras ações. Mas nós temos fábricas na Itália, na Alemanha, algumas fábricas na Índia. O nosso objetivo era certificar todas as fábricas, mas nem todas as fábricas são certificadas ainda, porque há uma ou outra fábrica ainda tem a manipulação de um produto ou um processo para o qual ainda não se conseguiu a certificação. Mas as nossas fábricas, para serem certificadas, elas precisam, primeiro, usar materiais ambientalmente seguros e recicláveis. Segundo, ele tem que tratar, lidar somente com energias de fontes renováveis. Então, a questão da pegada de carbono, a redução contínua da pegada de carbono é um popnto sempre muito importante dentro desse processo, gerenciamento responsável de água e a implementação de estratégias que enfatizem sempre as obrigações e o compromisso social da empresa. Esses são os pontos principais.

00:33:16
Richard Möller: Existem parâmetros estabelecidos pelas empresas, pelo institutos certificadores, o Ipeia e o Instituto Cradle to Cradle mesmo, certificações regulares, e esses padrões não são estáticos. A cada certificação, a cada visita de certificação os critérios mudam. Quanto aos produtos, para cada produto, 100% dos componentes que vão em cada produto precisam ter uma classificação individual. Cada produto tem que ter a classificação Cradle to Cradle. Se todos os produtos, se todas as matérias-primas utilizadas naquele produto forem certificadas, o produto será certificado. Além disso, tem uma questão de rastreabilidade de todos os produtos e essas auditorias regulares. Mas basicamente é isso: tanto os produtos quanto as empresas precisam ser certificados.

00:34:04
Hamilton Costa: Richard, porque a Huber decidiu adotar os princípios da economia circular? Isso foi uma demanda dos clientes, já está na base do propósito da empresa, e como é que está esse movimento na Europa de forma geral?

00:34:19
Richard Möller: Esse é um ponto sempre muito interessante, uma curiosidade de todo mundo, saber se a demanda partiu dos clientes. O interessante é que não.

00:34:25
Richard Möller: A Huber é uma empresa familiar, de 255 anos. Está na sétima geração com a mesma família.

00:34:32
Hamilton Costa: Só 255 anos?

00:34:35
Richard Möller: Só. Hoje a família não está mais na gestão da empresa, mas como acionistas. E isso nasceu, essa questão da sustentabilidade nasceu de uma demanda de responsabilidade social. Essa família, os sócios envolvidos, eles acreditavam que o Huber tinha uma responsabilidade como produtor de tintas que vão em embalagens de alimentos, em produtos que são do nosso dia a dia, que a gente tinha uma responsabilidade social e com o ambiente e com a saúde, seja do leitor, no caso do mercado editorial, seja do consumidor, das embalagens, o que fosse. E nasceu disso, muitos anos atrás. Só que isso foi se incorporando. Há muitos anos a Huber tem, por exemplo, certificação do Ecolabel, a certificação europeia, a certificação alemã, as mais importantes certificações a Huber já tinha.

00:35:26
Richard Möller: E aí sim começa haver uma demanda, não somente dos clientes, mas da sociedade de um modo geral por essa questão de salvar o planeta e nós todos que estamos no planeta.

00:35:38
Richard Möller: Na Europa, como você perguntou, a demanda é muito maior. Existe muito mais preocupação, na discussão de projetos, muitos projetos nascem da questão da sustentabilidade. Aqui a gente ainda está vários degraus abaixo, mas cada vez mais a gente percebe isso. A gente tem projetos recentes, contratos que a gente fechou, não diria que nasceram pela questão da sustentabilidade, ou que o cliente nos escolheu somente pela questão da sustentabilidade, mas projetos que claramente tiveram um peso muito importante. Caso da Posigraf, tem alguns casos que eu poderia citar, mas enfim. E, claro, se a performance do produto não atende, o cliente não vai comprar somente por conta da sustentabilidade, mas foram pontos importantes e decisivos.

00:36:26
Tânia Galluzzi: Pegando esse gancho, Richard, quais benefícios a certificação trouxe para a empresa ao longo desse período e aí você já podia até citar quando ela foi certificada Cradle to Cradle, e se já é possível mensurar retornos financeiros. Eu sei que pelo que você acabou de explicar para a gente esse não é o objetivo, mas se já se tornou um diferencial?

00:36:50
Richard Möller: Sim, eu vou começar pelo final, se tornou um diferencial sim, de verdade eu não sei quantificar esse resultado financeiro. A certificação Cradle to Cradle, se não me engano, a gente tem as primeiras desde 2015 para alguns produtos da primeira fábrica. Isso vem crescendo. E também dentro do Cradle to Cradle você tem categorias diferentes. Os produtos vão evoluindo de categoria

00:37:15
Richard Möller: Mas voltando a questão dos benefícios, a gente tem casos muito notórios, esse que foi apresentado agora no recente congresso em Berlim de Cradle to Cradle, é uma parceria com a Carlsberg, terceiro maior maior grupo cervejeiro do mundo, esse caso já ficou super famoso para quem está no meio ano dessa questão de economia circular porque a Carlsberg ela queria ter a primeira primeira cerveja completamente verde e descobriram que tinha um monte de limitadores e acabaram que buscaram, o objetivo foi ter a cerveja deles certificada Cradle to Cradle. Para que isso fosse possível, todas as embalagens, rótulos e tampinhas, tudo além da cerveja precisaria ser certificado.

00:38:06
Richard Möller: Como até esse momento as tintas que eles precisam somente a Huber tem as tintas com essa certificação, a consequência foi que no mundo inteiro, infelizmente a Carlsberg não está no Brasil, no mundo inteiro onde se imprime Carlsberg, se imprime com tinta Huber. Acaba sendo um benefício que vem a reboque. Embora não seja um objetivo específico, a gente até torce para que nossos concorrentes e outras empresas todas e fabricantes de papel, de outros componentes que vão na indústria gráfica também se certifiquem, porque no final o objetivo é esse. Ter um mundo mais sustentável, uma economia mais circular.

00:38:48
Hamilton Costa: Aliás, Richard, dentro do que você colocou, a utilização de insumos fabricados dentro dos princípios da economia circular é efetivamente fundamental para que a indústria também possa se encaixam nesse círculo virtuoso. Olhando isso, como você vê a aplicação da economia circular na indústria gráfica, especificamente na indústria gráfica brasileira, e o que é que a Hubergroup tem feito nesse sentido aqui no Brasil?

00:39:15
Richard Möller: Olha, eu costumo dizer que nós somos uma parte só de um processo. O fato de um empresa, de uma gráfica ou de um computador utilizar uma tinta certificada não certifica o produto final e nem diz que o produto ficou inserido no conceito da economia circular. Nós somos só uma peça desse quebra cabeça que é grande. O que a gente tem feito. Primeiro, é importante dizer, nós não temos alguns produtos que são mais caros ou diferentes ou linhas especiais que são certificados. A gente tem nossos produtos regulares certificados. Se você ligar para a Huber e comprar uma tinta provavelmente, para qualquer tinta que seja, mesmo que você não saiba, está comprando uma tinta certificada muito provavelmente, há poucas exceções. O que a gente tem tentado fazer é mostrar aos clientes o que a gente tem feito e tentar ajudar nesse processo de educação. E a gente ver de passos desses, vários clientes nossos preocupados em desenvolver produtos. Claro que muitas vezes como objetivo também comercial, de fazer daquilo um diferencial, mas também não podemos negar que a gente tenta usar comercialmente como um diferencial essa questão, lógico. Mas o principal fator é o de educação. De mostrar que, por exemplo, aquele impresso que ele fez, uma embalagem, ou o que seja que o nosso cliente produziu. Em algum momento ele vai ser, numa forma ideal, ele vai ser reciclado, uma, duas, três vezes. Em algum momento esse processo de reciclagem ele costuma ser finito né. Mesmo no momento em que ele terminar, não puder mais ser reciclado, ele vai retornar ao ciclo biológico. E que a nossa parte, o que a gente oferece, é um produto que retorna ao ciclo biológico com impacto negativo zero. Em muitos casos com impacto positivo. Agora, se ele tiver outros produtos no impresso, seja cola, verniz, o que seja, que tem um impacto negativo, o nosso efeito terá sido pouco. Então, o que a gente acaba tentando fazer é ser um exemplo e tentar educar o cliente que busque, que ele cobre dos seus outros fornecedores de ter produtos também ambientalmente sustentáveis. E mesmo no processo de reciclagem, tipicamente quando a gente pensa, um impresso em papel, um caderno, um livro,e qualquer coisa, quando esse produto vai ser reciclado, existe um processo no meio chamado de-inking, onde essa tinta, ela é tirado quase 100% do papel para que essas fibras possam ser recicladas, o que recicla exatamente ali não é a tinta. Essa borra de tinta, até pouco tempo atrás era um produto que tinha um certo nível de toxicidade. Não alto. Por exemplo, a nossa tinta tinha um componente, e todas as outras tintas quase ainda têm, um componente muito pequeno que era o cobalto, produto que se usa, um catalisador no processo de secagem da tinta, que a Huber conseguiu excluir 100%, sendo substituído por um outro produto com impacto zero. Foi aí que a gente conseguiu o primeiro estágio da certificação de nossas tintas, porque era o último calcanhar de Aquiles que a gente precisava tirar. Acho que o principal fator que a gente tem trabalhado junto dos clientes é esse, de educar e ser esse exemplo.

00:42:31
Tânia Galluzzi: Perfeito, Richard, super obrigada pelas suas explicações, obrigada por ter particopado do Ondas Impressas.

00:42:38
Richard Möller: Eu que agradeço, sempre acompanho, acho o programa ótimo e espero que a gente tenha contribuído um pouquinho.

00:42:45
Hamilton Costa: Richard, uma imenso prazer de tê-lo tido aqui com a gente.

00:42:52
Tânia Galluzzi: Vamos inaugurar um novo quadro no Ondas impressas. A gente vai trazer o que para nós foi mais relevante nas últimas semanas.

00:43:00
Hamilton Costa: Impressão final

00:43:02
Tânia Galluzzi: E mantendo a pegada ambiental, a foto de capa do Estadão de hoje, dia 26 de junho é o lixo na beira da represa Billings, uma das represas que abastece São Paulo. A matéria destaca o aumento de 28% na coleta de recicláveis em todo o país no mês de maio. Porém isso não se transformou em reciclagem, porque as centrais de reciclagem tiveram as atividades suspensas e o material coletado foi parar aonde? Nos aterros e nos lixões. Mas esse problema Hamilton, não é só brasileiro. Na mesma página o Estadão traz uma matéria do Economist, o jornal The Economist, que a convid-19 levou a uma pandemia de poluição plástica, parte pelo uso das máscaras e luvas, mas também pela explosão o comércio eletrônico.

00:43:55
Hamilton Costa: Aliás, quando entrevistamos o Aislan em outro episódio, ele comentava isso, mas só que as máscaras não eram de plástico, eram máscaras de tecido. É porque se enfoca sempre no plástico, ele acaba sendo o grande vilão dessa história. Mas, de novo, é a questão do descarte inadequado. Agora a gente está vendo máscaras no chão da rua. Imagina-se que vão para o rio e para o mar, não são de plástico, mas mesmo assim isso é um grande problema mundial.

00:44:28
Tânia Galluzzi: Vamos para uma outra notícia. Ontem foi anunciada a diretoria da Afeigraf para o biênio 2020/2022 que mantém o Ludwig Allgoewer, espero que esteja certo Ludwig, ex-presidente da Heidelberg Brasil, na presidência da associação dos fornecedores do setor gráfico. A nova diretoria assume no dia primeiro de agosto e basicamente mantém os mesmos componentes. Ludwig continua como presidente, e você tem na diretoria o Richard Möller, que esteve aqui com a gente, o Jorge Maldonado da Vima Graphic, o Raymond Trad, da Comprint, e o Paulo Amaral, da Agfa.

00:45:13
Hamilton Costa: É interessante ver primeiro o Ludwig, que fez uma gestão muito interessante, manter-se na diretoria acho bastante interessante, apesar de ter se retransferido para a Heidelberg na Alemanha, mas mantém os laços dele aqui no Brasil, dirigindo a Afeigraf, achei bastante interessante.

00:45:31
Tânia Galluzzi: Na seara de produtos, começa a ser vendida na América Latina a impressora EFI Cubik para impressão em madeira. Com tecnologia jato de tinta LED UV, tinta mineral e largura de até um metro e oitenta, a máquina imprime até 60 metros lineares por minuto. Hamilton, é isso mesmo?

00:45:56
Hamilton Costa: É isso mesmo e te digo que eles têm máquinas atém mais velozes que ela, que essa, fazem até 75 metros lineares por minuto. Essa é toda a tendência do que a gente chama de impressão industrial principalmente. essa aqui é a parte de madeiras. Eles também têm equipamento para impressão de cerâmicas. Hoje várias cerâmicas estão usando, também com velocidades altas. É assim também em impressão de tecidos de outros fabricantes, é toda a tendência daquilo que a gente chama da nova indústria de impressão, essas máquinas vêm dentro da sua tendência e vêm muito forte. Está muito legal o lançamento deles na América Latina dentro dessa linha pra madeiras.

00:46:42
Tânia Galluzzi: E pra fechar, gente, vários fornecedores do setor fizeram eventos online nessa semana e na semana passada por conta do adiamento da Drupa. A Bobst, a Koenig & Bauer, a HP e outros fizeram esses eventos. Só que eu confesso aqui que eu não consegui participar, porque foram duas semanas muito agitadas e vou ver se eu consigo assistir a alguma apresentação que estiver gravada. Soube que algumas foram bem interessantes, né, Hamilton?

00:47:13
Hamilton Costa: As repercussões foram muito boas, especialmente ontem eu estava vendo a da Koeng & Bauer, excelente a repercussão. A Bobst é interessante ver porque ela não vai estar na Drupa. Eles deram atenção à feira de embalagens, ela está muito mais no setor de embalagem baixa, evidentemente, reforçando então esse aspecto. E a HP que também inaugurou uma feira virtual, principalmente aqui de grande formato, mostrou nesses dias, também com uma boa aderência de seu grupo de clientes e distribuidores.

00:47:47
Tânia Galluzzi: É isso aí gente boa, contem para gente que vocês acharam desse quadro novo. O que acharam do episódio. Procurem a gente nas redes sociais reafirmando, Instragam, LinkedIn, pelo email ondasimpressaspodcast@gmail.com. A gente quer saber o que vocês estão achando.

00:48:09
Hamilton Costa: Legal, pessoal, um prazer tê-los aqui.

00:48:09
Tânia Galluzzi: Joia, gente, até o próximo Ondas, um beijão.

00:48:10
Hamilton Costa: Tchau, pessoal, um grande abraço a todos.